Deixo-vos o texto do meu querido homónimo Francisco José Viegas para comentarem...
Três milhões e meio de portugueses conheceram-se na internet através do Hi5. Parece-me um manifesto exagero, mas é muito provável que seja verdade. Os portugueses gostam de si mesmos, mas à distância. Quando estão próximos uns dos outros tendem a considerar que a ficção é muito melhor do que a realidade. A estatística apenas me surpreendeu porque passei algum tempo a imaginar o que dirão, uns aos outros, esses três milhões e meio de portugueses; na maior parte dos casos não conhecem o cheiro uns dos outros nem o tom de voz (se é estridente ou amável), nem as mentiras que as pessoas dizem normalmente. Pela internet, no Hi5, conhecem uma fotografia, uma biografia melhorada e os erros ortográficos uns dos outros. Se pensarmos bem, é uma revolução porque corresponde a quase um terço da população. Antes do Hi5 estávamos sós, irremediavelmente sós, sem comunicação, ignorando-nos? Ou já nos conhecíamos mas preferimos a internet porque, ao perto, somos insuportáveis?
terça-feira, fevereiro 19, 2008
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10 comentários:
Eu li esse texto e apesar de achar que filosoficamente o principio é excelente, estamos a falar de um número que é feito para publicitar e mostrar que o hi5 gera uma enorme rede. De qualquer forma, antes do hi5 exisitiu o boom dos telemóveis. Antes desse momento éramos tão insuportáveis uns aos outros. Ou antes do boom dos telefones...Costumo dizer...Sinais dos tempos. O hi5 é apenas mais uma forma aberta de se exprimir ao mundo, com todas as virtudes e desvantagens. Ainda assim e mais uma vez, é uma opinião muito boa, um ponto de vista passivel de deixar a pensar. Fizeste muito bem em divulgá-lo a mais gente.
Concordo com o magnólia quando diz que filosoficamente o principio é excelente, apenas não nos apresenta nenhuma novidade. Quantas pessoas se conheceram pelo mIRC? Apenas não foi algo tão publicitado como o Hi5 pretende ser agora.
Mas numa altura em que as relações não suportam reveses - porque isso leva, irremediavelmente, ao seu fim - é fácil perceber a "revolução Hi5". Se a foto é bonita, ainda se faz o "esforço" e se tolera uma ou outra contradição, se a foto não cativa... que venha a próxima. Porque ninguém procura no Hi5 a personalidade, o sentido de humor ou a inteligência, procura algo imediato. Depois, como em tudo, pode ou não ter sorte. Mas nisso o português é remediado, porque "podia [sempre] ter sido pior"!
3.5 milhões em 10 milhões de habitantes deve ser quase toda a gente que tem internet em casa... parece-me exagero, mas é um local como qualquer outro, simplesmente sai mais barato e é mais prático do que ir a um bar. Eu pessoalmente não gosto, sei lá o que me vai calhar na rifa! Aquilo não representa o que as pessoas são mas antes o que pretendiam ser... felizmente há sempre uma excepção que confirma a regra. É ou não é francisco? :)
Sou sincera: gosto muito de estar ao pé de quem conheço.Rir e ouvir rir, para mim é do melhor. Mas a verdade é que estou na blogosfera, sem conhecer ninguém pessoalmente. E agora? Hehe
Beijinho*
magnolia, é de facto um bom texto e traduz uma certa ideia de nostalgia que é normal sentirmos! Mas de facto não adianta lutar contra os tempos...:)
Beijos e abraços
pressão, bem-vinda ao blog! De facto concordo com o teu comment. O hi5 foi um boom maior que o mirc apenas porque há um maior acesso a ele. Também é um facto que talvez haja menos empreendimento nas relações agora! É o facilitismo e facilidade das coisas...
Beijo
belota, ora lá está...:D
Beijo, linda
pekenina, acontece...:D Uma coisa não invalida a outra!:D
Beijo
Não sei muito bem Francisco se o número será exctamente esse. Corria o risco de dizer que poderia ser mais... Não pelo interesse que possa despertar. Mas acima de tudo pela solidão de quem mesmo que queira não tem ninguém para se chatear nem para lhe fazer um mousse de filipinos ;). Atrás de nós, há um mundo monstro de uma solidão escondida. Podia ser bom ter coragem de agarrar no tal carro amarelo e rebentar todas as barreiras geladas que não nos deixam emocionar, tanto como gostariamos...
Desculpa, a invasão.
Eu, Cláudio!
claudio, belas palavras e bem-vindo ao meu cantinho...
Abraço
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