sexta-feira, dezembro 22, 2006

Um destes dias fui ver o filme The Holiday que merece ser comentado...



Não é um clássico de amor como o Casablanca, mas também não é de todo uma lamechice pegada. É um filme de personagens algo caricaturais, mas ainda assim verosímeis! Detenho-me nas personagens masculinas porque são as que me interessa descrever.

(Quem quer ver o filme, não leia o resto)!!!

Jude Law surge no filme como um solteirão boémio, que conhece uma mulher bonita, depois desta trocar de casa temporariamente com a sua irmã. Apesar de ambos saberem que a relação é curta (já que a troca só dura 15 dias), decidem arriscar na premissa de não se apaixonarem. Pois, mas nem sempre conseguimos desligar o botão do amor. Surge então a verdade que ele é viúvo com duas filhas pequenas. Se já sentimos alguma simpatia por ele (Jude Law é exímio a fazer de charmoso sedutor), depois de o vermos na figura de pai, é impossível não olhar para o lado no cinema e ver as mulheres completamente derretidas por ele. É normal! Apesar de, como ele diz, trazer "bagagem" (as duas filhas, sobretudo a mais nova, é a fofura em forma humana), qualquer mulher não resistiria a um homem que só aparenta ter qualidades. O filme peca por não mostrar qualquer defeito nele. Tornaria-o mais humano, mais possível. Porque até admitir que chora como um bébé (com um livro, com um filme, com uma música, com uma separação), joga a seu favor...

Por outro lado, temos Jack Black. Em LA, ele é um compositor de bandas sonoras que namora uma bela actriz. Desde o primeiro momento que o vemos, sabemos que o "desastre" (fim do namoro) vai acontecer. E é já com isso no pensamento que o vemos conhecer a irmã de Jude Law. Sabemos que o vento de Santa Ana que os envolve quando se conhecem é um prenúncio de sentimentos mais fortes. É sem surpresa que vamos acompanhando a sua loucura e a sua tristeza quando o inevitável acontece. Depois é a sucessão de pequenos passos: a criação da música para a inglesa que o começa a conquistar, a renúncia à ex-namorada quando ela pede para voltar, a vontade de visitar Londres para estar com ela, etc... Mais uma vez, é uma personagem que nos conquista com aquele pensamento: "Porque é que os bonzinhos se apaixonam pelas mulheres erradas?"

Mas a personagem que verdadeiramente me conquistou é a de Eli Wallach. Ele aparece-nos como um idoso amparado por uma enfermeira a atravessar o passeio. Depois vemo-lo perdido na estrada sem saber o caminho para casa e imediatamente pensamos nele como um doente com Ahlzeimer. Mas a realidade é outra. Ele era um argumentista de cinema (um dos melhores) que chegou a Hollywood quando a magia de Hollywood, do cinema e dos amores era ainda mais genuína. Quando não haviam blockbusters, box offices, efeitos especiaism amores de plástico! Quando o amor era um olhar, uma palavra, um toque, um encontro perfeito ("meet cute"). Escrever um argumento era escrever um livro, não um conjunto de frases a acompanhar as imagens. As mulheres sao precisavam de ser ícones de beleza, precivam de ter garra. Aquela força que emana de dentro, aquele brilho natural, aquele olhar que nos aprisiona. Era essa a mulher que ele encontrou. A mulher que foi sempre a sua musa e quando morreu, ele não mais encontrou. A homenagem que lhe é feita no filme, um argumentista dos antigos, é um tributo a um tempo que não existe mais (mais idílico, sonhador, romântico, idealista) mas onde teimamos em querer voltar...

Três personagens diferentes, três personagens que nos provocam simpatia. Três homens com a sua magia. Três personagens inventados por uma mulher com todas as condições para serem três boas interpretações...

PS- O papel de Jude Law foi pensado para Hugh Grant, mas acho que ficou a ganhar...

10 comentários:

Maggs disse...

e mais, se me permites repousar na condição do meu género, se com o Grant seria bom, com o Law ficou irresistivelmente perfeito!:P

Francisco del Mundo disse...

maggs, bem-vinda...:D Ahhahahah
O teu género é aqui muito bem-vindo... E eu bem sei que o Jude traz um superavit de beleza...:D
Bacione

PS- A menina estava na apresentação do Livro de Estimação?

Maggs disse...

estava, pois! mas fui das retardatárias! o trânsito, o trânsito! :p comungámos do mesmo espaço, então...

Francisco del Mundo disse...

maggs, eu fui dos primeiros... Vantagem ou desvantagem de ter feito 350km para estar com o meu conterrâneo... Seria a menina, a menina que entrou em bicos de pés!:D
Baci

Maggs disse...

entrei com outra menina, e juntámo-nos a mais três meninas e um menino (verdadeiro menino!) que nos aguardavam na fila de trás!:) pelos olhos, aqui sem cor, não consigo nenhuma memória...

Francisco del Mundo disse...

maggs, e uma das meninas canta, certo?:D
Eu estava na primeira fila dessa sengunda coluna de cadeiras... Estava acompanhado com uma amiga minha...
Baci

Maggs disse...

certo, uma das meninas canta!:) ficas tu a ganhar, mal guardo imagem da perspectiva das costas das pessoas :/ snif!

Francisco del Mundo disse...

maggs, ahhahah... Acredito... Mas a estrela nesse dia era o Jorge...:D
baci

Maggs disse...

claro que era! e apenas por isso não sei quem tu és!:P kidding! já conhecia o trabalho do Jorge e já tinha estado noutros locais onde ele também estava, mas só na Casa Fernando Pessoa falei com ele pela primeira vez! simpático, acessível, directo... um verdadeiro homem do norte!:P

Francisco del Mundo disse...

maggs, ahahahh... Obrigado pelo belo elogio!:D Sou amigo do Jorge ha muitos anos, porque somos conterraneos e ambos jogamos voleibol juntos. Há algum tempo, o meu interesse pela escrita convergiu para a escrita dele e foi um prazer fazer 350 km para estar com ele nem que fosse uma hora... Ele é aquele que se vê: brincalhão e muito acessível...
Baci