domingo, janeiro 17, 2010

(continuação)

Depois de uns momentos, desceram as escadas e mais uma vez sentiram os olhares, desta vez com alguma curiosidade extra pelo tempo demorado no primeiro andar. Chegaram à mesa e as bebidas esperavam por eles. Ele foi respondendo às perguntas dela sobre aquele universo. Ele lá foi explicando o que sabia. Ao ver a porta abrir-se e ver o casal que chegava, ele sorriu e disse que tinham chegado os melhores professores que podiam ter. Era o casal que o tinha levado lá a primeira vez. Logo os descobriram e foram ter com eles à mesa. Rápidas apresentações e a sonora cumplicidade masculina. Eram os dois homens que se conheciam há mais tempo. Ele olhou rapidamente para ela e viu-a a analisar o casal. Os olhos dela tinham rapidamente analisado o homem, mas foi a mulher que lhe chamou logo a atenção. Ele já lhe tinha dito que ela não era um mulherão espampanante, mas que ela ia ficar fixada nela. E tinha razão. Mais baixa que ela mas era incrível como aquele corpo exalava qualquer coisa. Ela não o conseguia definir, mas era óptimo. Uma sexualidade atrevida e libidinosa que a fez estremecer de prazer. E ela ainda só tinha perguntado se ela estava a gostar. Como estava fixada com a boca dela, teve de pedir para repetir. Sim, estava a gostar. Quer dizer, não sabia, estava a achar piada. Ahah! Risos das duas. Entretido à conversa com o amigo, ele gostou do riso partilhado pelo canto do olho. Enquanto o amigo foi buscar bebidas, ele aproximou-se delas. Perguntou de que falavam. Do ambiente, responderam. E riram. Então desta vez decidiste trazer companhia, perguntou a amiga. Sabes que isto foi bom sozinho, mas com ela só melhora. Com ela e connosco então nem se fala, provocou a amiga olhando para ela. Ele teve medo que a provocação tivesse sido demasiado directa e olhou para ela. Ela não parecia intimidada. Finalmente sorriu e disse que tinha curiosidade de muita coisa. O primeiro gelo pareceu quebrado. Seguiram-se belas conversas dos quatro, sempre com o olhar de inveja dos outros clientes que foram chegando. A certa altura uma música mais animada e quando os dois homens dão por eles tem as respectivas mulheres a dançar nas suas costas. Ela encostou-se às costas dele e a amiga às costas do amigo. Os dois riram-se. Sabiam que tinha começado algo. Os dois homens viraram-se e começaram a dançar com elas. Obviamente as mãos e as bocas não ficaram quietas muito tempo. Ele parou e disse que pensava que ela não gostava de beijos em público. Pois, mas este sítio não é normal, respondeu. Aqui dentro não parece haver limites, acrescentou ela. Ahah, eu avisei, disse ele. A dança sensual continuou entre os dois pares. Quis uma volta da música que os dois homens ficassem por trás delas e elas frente a frente bem perto. A música, a sensualidade, o ambiente fê-las aproximarem-se até à distância de um beijo. E beijaram-se. Primeiro timidamente mas depois com a libido ao rubro. A primeira reacção dele foi de surpresa. Não esperava que ela se deixasse levar. Olhou então o amigo, ele sorriu e piscou-lhe o olho. Já tinha visto a sua parceira seduzir outras mulheres. Olhou novamente para ela e viu que estava a apreciar aquele beijo diferente, feminino. Encostou então mais o sei corpo ao dela. Ela sentiu-o bem encostado e as mãos dele a percorrer o seu corpo. Um calor saia dos corpos de ambos. A dança foi-se tornando sexo. As duas mulheres continuaram a beijar-se. Os homens estavam cada vez mais excitados. Beijos no pescoço. Mãos nos seios. As mãos delas são ainda mais atrevidas que as deles e sabem onde tocar para excitar a outra mulher. De repente os olhos dos quatro cruzam-se mas de forma trocada. Assim, o olhar dele encontrou-se com o olhar lascivo da sua amiga, o olhar lascivo do amigo encontrou o dela. Ficaram assim durante um minuto. Em contacto com um corpo mas com um outro olhar. A cena era demasiado excitante. Ele olhou de lado a sala e toda a gente estava vidrada naquele espectáculo delicioso. Ela inclinou a cabeça para trás para lhe falar ao ouvido. Pensou que os limites dela estivessem a ser ultrapassados. Mas não. Ela disse-lhe apenas, vou trocar com ela. A princípio ele não percebeu, mas logo a viu trocar de posição com a amiga. Agora era o corpo da amiga encostada ao dele e o dela encostada ao amigo. Apesar de tremendamente excitado, ele não tinha entendido o porquê da troca. E só depois percebeu! Sendo quase possuída por trás e vendo-o possuir outra por trás, ela olhou-o nos olhos com todo o atrevimento. E ele mergulhou naqueles belíssimos olhos e sentiu um prazer sem palavras. Ali estava ela, provocando-o, sabendo que a ligação deles ia para além dos corpos. Dos deles ou dos corpos dos amigos. A ligação deles estava naquele olhar que os unia sem restrições. Depois de uns minutos assim, viu-a novamente inclinar a cabeça para trás e segredar algo ao ouvido do amigo. Viu-o rir e a acenar com a cabeça! Que fazia ela agora, pensou ele. Então ela segredou algo ao ouvida da amiga e também ela riu. Ficou confuso. A amiga voltou-se e deu-lhe um beijo na boca. Segredou-lhe, hoje quem te leva para a cama é ela! Então percebeu tudo. Muitas coisas novas naquela noite mas ela não ia abdicar dele. Não naquela primeira noite. Os sentidos dela estavam ao rubro e era com ele que ela queria explodir de prazer. Ele sorriu-lhe e puxou-a para si. Anda cá, capuchinho, disse ele. Quero o meu lobo mau, respondeu ela…

(fim)

8 comentários:

carpe vitam! disse...

A história não é original, apesar de ficcional, reconheço-a de outras paragens. É algo que acontece de facto numa realidade tangível.
Mas tem o mérito de estar bem contada, o que é muito importante para quem lê (ou pelo menos para mim).
Há provocações às quais vale a pena responder. Essa foi uma delas.
E as boas provocações são produtivas e contagiantes...

Poppy Papoila disse...

Ever Thine, Ever Mine, Ever Ours...

Francisco del Mundo disse...

carpe, a situação não é original, a história é!:) são coisas diferentes..:) Mas sim qualquer provocação boa é contagiante...

Francisco del Mundo disse...

Poppy, Beethoven sabia escrever belas cartas...
Beijo

carpe vitam! disse...

sim, a situação! peço desculpa por não me ter expressado convenientemente. não estou a pôr em causa a originalidade do texto.

Francisco del Mundo disse...

carpe, eu não estava a acusar de nada!:D

Miúda-Mulher disse...

Com que então um lobo mau, hum? :-) Recebi o recado ;-)
A tua história tem vários pormenores curiosos... Decididamente és fresco! Beijinho :-)

Francisco del Mundo disse...

Miuda-mulher, foi uma provocação.. Ficção!!:D Mas sim, lobo mau..:)
Beijo