sexta-feira, agosto 24, 2007

Gosto muito de curtas metragens. Penso que se escrevesse para cinema, seria para este tipo rápido de película. Ao ver o filme que aqui deixei ontem,lembrei-me de um episódio que estava já esquecido. Algumas pessoas já conhecem mas será uma novidade para a maioria.

Há uns três anos, estava a fazer os exames para a carreira diplomática. Esses exames obrigavam-me a ir a Lisboa várias vezes. Numadas provas (inglês e francês) fui carregado com vários dicionários. O meu Alfa, fiquei íntimo deste meio de transporte, parou como de costume na estação do Oriente. Normalmente eu ficava numa Residencial (Midi, para ser mais exacto) que fica ali no Campo Grande. Ora para lá chegar precisava apanhar o Metro. Para quem conhece o metro lisboeta, a linha vermelha sai do Oriente até à Alameda, onde depois se tem de trocar para a linha verde. Entrei então no Oriente e no banco à minha frente, um lugar desviado à esquerda, sentou-se uma bela jovem. Logo que o metro arrancou, o nosso olhar fixou-se um no outro e um sorriso aflorou os nossos lábios. Na estação seguinte, Cabo Ruivo para quem não sabe, duas senhoras mais idosas sentaram-se nos lugares disponíveis, ou seja, os dois lugares na diagonal onde estavamaos. Enquanto estabeleciamos um diálogo de olhares, as duas senhoras encetaram uma conversa menos silenciosa. Foi um desfiar do rosário de doenças e maleitas que cada uma tinha. Ao longo da viagem contra a vontade de rir perante tão improvável discurso. Finalmente chegamos à Alameda, já cúmplices. Mas eis que seguiamos para destinos contrários, se não me engano Telheiras e Cais dos Sodré. Vimo-nos em lados opostos da plataforma do Metro. Fiz um último sorriso como cumprimento à bela menina e eis que ela me indica o caminho das escadas. Subi a custo com todo o peso do saco e dos dicionários. Encontramo-nos a meio do caminho. Olhei os seus lábios de onde saiu a pergunta:
- De onde és?
- Do norte - respondi.
- Pena!- dito isto, deu-me um beijo nos lábios e virou-se. Com as coisas todas a impedir-me de correr, só tive tempo para perguntar:
- Como te chamas?
- Sofia. - foi a resposta antes de embarcar para o metro...

Nunca mais soube nada dela. Serviu-me este episódio para saber que a vida é feita de encontros e desencontros. Já encontrei e perdi várias pessoas. Apenas quero que seja sempre por culpa do destino que as perco e não por cobardia minha...

8 comentários:

Anónimo disse...

Às vezes o destino tem as costas muito largas...
:)

Francisco del Mundo disse...

iharah, bela frase... De facto acusamos o destino de muitas das nossas falhas..:D
Beijo e muito bem-vinda

maria inês disse...

destino e sempre o destino, vou arranjar uma fisga...

e porque é que esse tal destino tem que ser como é?
e porque é que esse tal destino tem que alterar aquilo que achávamos que já nos estava destinado???

Nanny disse...

Que belíssima história :D

Mesmo que só fique esse gostinho amargo-doce, são sempre belas memórias que se guardam...

Beijinhos

p.s. - fico à espera da tua participação ;-)

Anónimo disse...

Há pessoas que só nos tocam por breves instantes, por vezes até com um só olhar, mas marcam de forma indelével a nossa vida. Nós também fazemos o nosso destino.. :D bjks!

Francisco del Mundo disse...

inês, porque tem mais piada se nós pudermos muda-lo....:)
Beijo

Francisco del Mundo disse...

nanny, irei mandar...:D
Beijo

Francisco del Mundo disse...

just, claro que fazemos...:D
beijo