terça-feira, outubro 10, 2006

Comentei aqui o livro Equador, mas guardei o melhor da análise para este espaço. Confesso que o que mais gosto nos livros são as personagens. Gosto do contexto, da trama, mas são as personagens que me fazem vibrar mais ou menos...
Luís Bernardo Valença não é só uma personagem demasiado elaborada e complexa. Tem os seus desvios não-lineares mas no essencial é um homem identificável. E eu identifico-me em parte... É verdade que também já tive o meu momento de sedutor "(...) por ocupação, o que atrai era o jogo de aproximação, a irresístivel tentação do objeco impossível, aquele roçar de todos os perigos, aquele arrepio do escândalo e do desejo conjugados, o triunfo final da sedução, os despojos da conquista a seus pés", e ainda hoje sinto um frémito de prazer no momento da conquista, mas nunca fui tão leviano, nem nunca acabei tão tragicamente (com o suicídio).
Quem me conhece sabe que não sou ciumento. Talvez porque perdi uma certa inocência. Confio que as mulheres sejam tão sinceras como eu, mas jamais me apanharão em falso outra vez. Já confiei cegamente e fui traído. Não sou hipócrita, já traí. Mas quando o fiz, foi por um sentimento pujante que fez com que me sentisse obrigado a acabar com a relação que tinha. Não poderia viver uma mentira, por mais que ela fosse fácil de esconder. Nada desculpa o meu acto, mas pior seria trair e continuar a relação.
Pois bem, foi ao ler as últimas palavras do livro que tive ciúmes. Sim, de uma personagem. A personagem feminina, a inglesa Ann, diz-se enamorada de Luís e Luís enamorado dela, acaba por ser descoberta por Luís na cama com o empregado negro. Ela até podia fazer com todo o exército americano, mas não dizendo que o amava...
Já disse que para mim a lealdade é mais importante que a fidelidade. Aliás, Luís Bernardo confessa ao seu melhor amigo "Não esperes nunca de mim que eu seja fiel a qualidades que não tenho. O que podes é contar com as que tenho, porque nessas não te falharei nunca."
Luís não aguenta a traição e suicida-se. Eu conhecia traição e a pena foi não mais ser surpreendido no amor. Confio mas com a reserva das desilusões. Nenhum homem é perfeito e nenhum afirma isso. Eu, pelo menos, confesso que tenho muitos defeitos. E prefiro dizê-los a esconde-los! Mas isso sou eu, e os outros (homens ou mulheres) são os outros....

6 comentários:

Anónimo disse...

Entendo-te como se fosses um livro técnico, ao alcance de todos, mas só para a capacidade de entendimento de alguns... Perde-se sempre algo com as traduções ...:)

Francisco del Mundo disse...

Ahahhaha, serei assim tão denso? E eu que pensava que era simples. Não, de facto, sou complexo! Não é fácil entender-me ou aturar-me por esse mesmo facto de para a mim a vida ser simples... Mas não tenho medo de defender as minhas posições, não porque as tente impor (coitado do mundo se todos fossem iguais a mim), mas porque entendo que devo viver assim...
Fico à espera de perguntas concretas, e disponibilizo-me a responder de acordo com o meu pensamento...:)

Anónimo disse...

Li e gostei do Livro... a traição
é algo muito contraditório um assunto muito contorverso... com pano para mangas... porque traimos?

Porque a fidelidade ?

Enfim um verdadeiro vendaval de perguntas umas com respostas mais faceis outras sem respostas... um dia publico algo no meu blog sobre este assunto...
beijo

Francisco del Mundo disse...

Sim... E cada caso é um caso...
Beijo

Francisco del Mundo disse...

Cat, pois é...:D

Isabel disse...

Ia eu perguntar se já tinha lido o Equador. Eis a minha resposta.