quinta-feira, março 26, 2009

A propósito do filme Amália que vi há dias e do qual falei aqui, decidi falar sobre algumas coisas. Amália foi provavelmente a nossa única diva. Pelo menos no que toca à música. Bonita, carismática, trágica, controversa. A sua vida foi um desfiar de momentos marcantes que a moldaram, que moldaram a sua música e que moldaram a música portuguesa do séc. XX. Mariza tem uma voz brutal, talvez mais impressionante que a de Amália. Mas tem uma alegria (indissociável da sua africanidade) que retira ao seu fado a mágoa e forla que só Amália lhe conferiu. Foram vários os mestres (compositores, autores, interprétes) de fado, mas só a grande diva trazia o fado dentro dela. As mortes, as traições, as tragédias, os desgostos são como notas do fado que foi a sua vida. E só essa vida foi retratável. Soube que alguma família e amigos não terão gostado da película. Não entendo porquê! Em nada Amália ou a família é insultada ou desrespeitada. Pelo menos comparando com qualquer outra família. E o que se ganha na descrição da sua vida é ímpar, único. Porque não foi perfeita. Errou. Muito e muitas vezes. São as vidas dos ímpios, dos pífios, dos canalhas que nos apaixonam. Ela teria sido mais feliz se a sua vida tivesse sido diferente. Mas não teria sido a fadista que foi e não nos teríamos apaixonado por aquela que foi a grande artista portuguesa do século passado...

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