Um dos meus melhores amigos, irmão que não tive, escreveu um texto de raiva e pediu-me para publicá-lo se tivesse qualidade. Qualidade?? Toda! Porque é escrito com as emoções à flor da pele...
São Canibais d’Almas...
O sangue que corre nas ruas já cobre a pedra mais alta da calçada. Estamos no meio duma guerra social pautada pela ausência de valores. Acredito com toda a certeza que a arma deve ser a ultima ferramenta usada para resolver um conflito, e é com a mesma certeza que digo estar na altura de apontar canhões ao inimigo. Para tudo há um limite, e o meu é o ponto de ebulição da alma. Inchado de vapores, aponto arsenal a um inimigo que é meu semelhante, e frequentemente falso amigo. São pessoas, enfermas de valores ou até mesmo privadas dos mesmos, não sabem o que querem ou sequer o que fazem. São casais que se separam depois duma vida conjunta, namorados que se traem, pessoas famintas de sexo sem compromisso que se comprometem alimentando falsas paixões com múltiplos parceiros. É contra estes Canibais d’Almas que se deliciam de banquete em banquete, pejando as ruas de sangue sangrado por almas débeis e por vezes inocentes que me revolto. Parem para pensar e compreendam que do outro lado estão pessoas que respiram, sentem, e sangram como todas as demais. Ganhem espinha, e respeito pelo semelhante. Lembrem-se da Roma entregue ás putas e ébrios que culminou na queda dum império. Será pura coincidência as semelhanças com os tempos de crise que passamos?! Perdoe quem lê, o meu português rude, mas nesta guerra ganha quem mais fode. Pois que fodam, mas que se fodam sozinhos ou uns aos outros. Poupem os poucos que ainda sabem o que é viver em comunidade e que valorizam a confiança no próximo.
Atenta canibal incauto, que também tu podes ser comido sem contemplação. E mais não digo.
Gonçalo Gomes
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
terça-feira, fevereiro 24, 2009
Uma música fantástica...
Fui até tua casa. Subi as escadas. Abri a tua porta sem tocar à campainha. Caminhei pelo hall. Até ao teu quarto. Onde te podia cheirar. Não deveria estar lá. Sem a tua permissão. Não deveria estar lá.
Perdoas-me meu amor, se dancei no teu chuveiro? Perdoas-me meu amor, se me deitei na tua cama? Perdoas-me meu amor, se eu ficar toda a tarde?
Tirei as minhas roupas. Pus o teu robe. Percorri as tuas gavetas. E encontrei o teu perfume. Fui até ao teu cantinho. Encontrei os teus cds. E pus a tocar o Joni. Não me devo demorar. Podes estar a chegar a casa. Não me devo demorar.
Perdoas-me meu amor, se dancei no teu chuveiro? Perdoas-me meu amor, se me deitei na tua cama? Perdoas-me meu amor, se eu ficar toda a tarde?
Queimei o teu incenso. Pus a água do banho a correr. Reparei numa carta na tua secretária. Diz "Olá amor, amo-te muito amor, anda ter comigo à meia noite". Não, não era a minha letra. É melhor ir-me embora já. Não era a minha letra.
Perdoa-me meu amor, se chorei no teu chuveiro. Perdoa-me meu amor, pelo sal na tua cama. Perdoa-me meu amor, se chorei a tarde toda.
Fui até tua casa. Subi as escadas. Abri a tua porta sem tocar à campainha. Caminhei pelo hall. Até ao teu quarto. Onde te podia cheirar. Não deveria estar lá. Sem a tua permissão. Não deveria estar lá.
Perdoas-me meu amor, se dancei no teu chuveiro? Perdoas-me meu amor, se me deitei na tua cama? Perdoas-me meu amor, se eu ficar toda a tarde?
Tirei as minhas roupas. Pus o teu robe. Percorri as tuas gavetas. E encontrei o teu perfume. Fui até ao teu cantinho. Encontrei os teus cds. E pus a tocar o Joni. Não me devo demorar. Podes estar a chegar a casa. Não me devo demorar.
Perdoas-me meu amor, se dancei no teu chuveiro? Perdoas-me meu amor, se me deitei na tua cama? Perdoas-me meu amor, se eu ficar toda a tarde?
Queimei o teu incenso. Pus a água do banho a correr. Reparei numa carta na tua secretária. Diz "Olá amor, amo-te muito amor, anda ter comigo à meia noite". Não, não era a minha letra. É melhor ir-me embora já. Não era a minha letra.
Perdoa-me meu amor, se chorei no teu chuveiro. Perdoa-me meu amor, pelo sal na tua cama. Perdoa-me meu amor, se chorei a tarde toda.
sexta-feira, fevereiro 20, 2009
Algumas pessoas tem dito que tem saudades dos meus textos. Eu também tenho saudades de escrever, mas quando eu leio pessoas que escrevem melhor que eu, o melhor é transcrever e saborear. José Manuel dos Santos na UNICA...
Desemprego
A casa está deserta. Nela, só ele e o som muito baixo da sua respiração. Acordou cedo, à hora do costume, mas, como agora não tem para onde ir, deixa-se ficar na cama. Fecha os olhos. Tenta adormecer de novo. Não consegue. Tenta outra vez. Continua a não conseguir. Estica o corpo entre os lençóis, muda de posição, volta a enrolar-se sobre si, mas o sono não chega. Enerva-se com isso e enerva-se ainda mais com o nervosismo que isso lhe causa.
Respira fundo. Espera o sono. Deixa-se estar naquele intervalo entre a inconsciência e a consciência dela. De repente, parece que vai adormecer, mas o corpo insubordina-se, não acompanha o seu desejo, não obedece à sua vontade. Dizem que o sono em que se cai é um abismo a que se desce, fundo e negro. Neste caso, o abismo está ao contrário: é não conseguir descê-lo até ao fim, é ser forçado a subir nele, é ser empurrado para cima, até à claridade dura da vigília. Continua a esperar o sono. Tem uma perna e um braço dormentes. Procura outra posição. Faz um esforço para não pensar naquilo em que não consegue deixar de pensar. Está a pensar naquilo em que não consegue deixar de pensar. O seu pensamento é um texto com uma sintaxe adversa, em que as palavras estão fora do lugar, paralisando-se umas às outras, atropelando-se, devorando-se, tornando-se a mesma, num eco inextinguível. Texto sujeito a uma pontuação opressiva, que se não deixa dominar, que aparece quando se não quer. O seu pensamento é um texto escrito por um computador selvagem que escreve ao mesmo tempo que ele, por cima da sua escrita, contra a sua escrita.
O sono não vem. Irritado, dá voltas na cama. Volta a dar voltas na cama. Está cansado. Há meses que está cansado. Agora, que tem todo o tempo para descansar, não consegue descansar. Deita-se cansado, levanta-se cansado. Faz perguntas ao corpo e o corpo não responde. Dá-lhe ordens e ele não obedece. Foge-lhe para escapar à sua tristeza, ao seu tédio, ao seu torpor: ausenta-se, nega-se a ser corpo, revolta-se. Está cansado. Dá voltas, continua a dar voltas.
Procura um pensamento mais forte que o desvie daquele que o persegue, que o ataca, que o submete. Imagina um corpo que seja o destino do seu corpo. A mão desce do peito para a barriga, da barriga para o sexo. Pára aí. Mexe aí. Pressão da pele contra a pele, como se a mão estivesse sobre um sexo que não fosse dele. Ou como se o sexo fosse dele e a mão fosse de outra pessoa. Agita a mão: lentamente; depois, rapidamente. Não consegue. Falha. Volta a tentar: rapidamente; depois, lentamente. Procura um ponto, na linha do passado, que lhe aumente o desejo. Fixa-o. A memória do seu corpo torna esse ponto nítido. Corre até ele.
Recupera as imagens e os sons. Revive os movimentos, as paragens. Retém os silêncios, os murmúrios. Lembra a aproximação, o enlace, a permanência, o desenlace. Recorda o princípio e o fim. Agita a mão de novo, velozmente. Parece que está a conseguir. Mas há qualquer coisa que se nega. Há qualquer coisa que se sobrepõe. Fica inquieto, perturbado, assustado, ansioso. Desiste. Tem vergonha. Afasta-se do seu corpo, retribuindo-lhe a distância a que ele o pôs: repudia-o, falha-o. Põe as mãos espalmadas sobre o lençol.
Volta a tentar dormir. Insiste. Não consegue. Agita-se, dá voltas na cama. Dói-lhe tudo, está exausto, cansado do cansaço. Não quer abrir os olhos. Pensa no ontem, pensa no amanhã, mas não consegue sair do hoje. Como se, em vez de andar, marcasse passo: cansado de andar sem andar, fatigado de estar no mesmo lugar, cansado de parar sem parar. Sente que os olhos humedecem. Tem vergonha da sua inutilidade, da sua humilhação, da sua impotência. Procura no sono um esconderijo. Não consegue dormir. Dói-lhe tudo, de uma dor inteira e dividida, interior e exterior, côncava e convexa. Abre os olhos. Olha o tecto.
Num salto, levanta-se da cama. O quarto está frio e ele arrepia-se. Veste uma camisola. Dirige-se à casa de banho. Olha a sua cara no espelho. Vê a barba grisalha, suja, ainda mais grisalha e mais suja do que o cabelo. Deixou de fazer a barba. Sabe que hoje, amanhã, depois de amanhã, também a não fará. Desvia o olhar de si, da sua desistência, do seu fracasso. Dá meia-volta, vira as costas ao espelho. Aponta o sexo cansado à sanita e mija, mija muito. Ouve o som do mijo. Ouve-o - ele é o único som propício nestes dias.
Desemprego
A casa está deserta. Nela, só ele e o som muito baixo da sua respiração. Acordou cedo, à hora do costume, mas, como agora não tem para onde ir, deixa-se ficar na cama. Fecha os olhos. Tenta adormecer de novo. Não consegue. Tenta outra vez. Continua a não conseguir. Estica o corpo entre os lençóis, muda de posição, volta a enrolar-se sobre si, mas o sono não chega. Enerva-se com isso e enerva-se ainda mais com o nervosismo que isso lhe causa.
Respira fundo. Espera o sono. Deixa-se estar naquele intervalo entre a inconsciência e a consciência dela. De repente, parece que vai adormecer, mas o corpo insubordina-se, não acompanha o seu desejo, não obedece à sua vontade. Dizem que o sono em que se cai é um abismo a que se desce, fundo e negro. Neste caso, o abismo está ao contrário: é não conseguir descê-lo até ao fim, é ser forçado a subir nele, é ser empurrado para cima, até à claridade dura da vigília. Continua a esperar o sono. Tem uma perna e um braço dormentes. Procura outra posição. Faz um esforço para não pensar naquilo em que não consegue deixar de pensar. Está a pensar naquilo em que não consegue deixar de pensar. O seu pensamento é um texto com uma sintaxe adversa, em que as palavras estão fora do lugar, paralisando-se umas às outras, atropelando-se, devorando-se, tornando-se a mesma, num eco inextinguível. Texto sujeito a uma pontuação opressiva, que se não deixa dominar, que aparece quando se não quer. O seu pensamento é um texto escrito por um computador selvagem que escreve ao mesmo tempo que ele, por cima da sua escrita, contra a sua escrita.
O sono não vem. Irritado, dá voltas na cama. Volta a dar voltas na cama. Está cansado. Há meses que está cansado. Agora, que tem todo o tempo para descansar, não consegue descansar. Deita-se cansado, levanta-se cansado. Faz perguntas ao corpo e o corpo não responde. Dá-lhe ordens e ele não obedece. Foge-lhe para escapar à sua tristeza, ao seu tédio, ao seu torpor: ausenta-se, nega-se a ser corpo, revolta-se. Está cansado. Dá voltas, continua a dar voltas.
Procura um pensamento mais forte que o desvie daquele que o persegue, que o ataca, que o submete. Imagina um corpo que seja o destino do seu corpo. A mão desce do peito para a barriga, da barriga para o sexo. Pára aí. Mexe aí. Pressão da pele contra a pele, como se a mão estivesse sobre um sexo que não fosse dele. Ou como se o sexo fosse dele e a mão fosse de outra pessoa. Agita a mão: lentamente; depois, rapidamente. Não consegue. Falha. Volta a tentar: rapidamente; depois, lentamente. Procura um ponto, na linha do passado, que lhe aumente o desejo. Fixa-o. A memória do seu corpo torna esse ponto nítido. Corre até ele.
Recupera as imagens e os sons. Revive os movimentos, as paragens. Retém os silêncios, os murmúrios. Lembra a aproximação, o enlace, a permanência, o desenlace. Recorda o princípio e o fim. Agita a mão de novo, velozmente. Parece que está a conseguir. Mas há qualquer coisa que se nega. Há qualquer coisa que se sobrepõe. Fica inquieto, perturbado, assustado, ansioso. Desiste. Tem vergonha. Afasta-se do seu corpo, retribuindo-lhe a distância a que ele o pôs: repudia-o, falha-o. Põe as mãos espalmadas sobre o lençol.
Volta a tentar dormir. Insiste. Não consegue. Agita-se, dá voltas na cama. Dói-lhe tudo, está exausto, cansado do cansaço. Não quer abrir os olhos. Pensa no ontem, pensa no amanhã, mas não consegue sair do hoje. Como se, em vez de andar, marcasse passo: cansado de andar sem andar, fatigado de estar no mesmo lugar, cansado de parar sem parar. Sente que os olhos humedecem. Tem vergonha da sua inutilidade, da sua humilhação, da sua impotência. Procura no sono um esconderijo. Não consegue dormir. Dói-lhe tudo, de uma dor inteira e dividida, interior e exterior, côncava e convexa. Abre os olhos. Olha o tecto.
Num salto, levanta-se da cama. O quarto está frio e ele arrepia-se. Veste uma camisola. Dirige-se à casa de banho. Olha a sua cara no espelho. Vê a barba grisalha, suja, ainda mais grisalha e mais suja do que o cabelo. Deixou de fazer a barba. Sabe que hoje, amanhã, depois de amanhã, também a não fará. Desvia o olhar de si, da sua desistência, do seu fracasso. Dá meia-volta, vira as costas ao espelho. Aponta o sexo cansado à sanita e mija, mija muito. Ouve o som do mijo. Ouve-o - ele é o único som propício nestes dias.
terça-feira, fevereiro 17, 2009
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
A.S.- Sei que vai parecer um ataque às mulheres, mas subentende-se uma crítica aos homens...
Peço desculpa mas ou as mulheres estão mais burras ou os homens mais espertos. Tenho anos de observação do mundo das relações humanas. Lembro-me que eram os homens que corriam atrás das mulheres. Agora não sei se é por haver menos elementos do sexo masculino, ou pelo menos espécimes apetecíveis, sei que as mulheres se andam a prestas a papéis muito maus. Não estou a falar de viver a vida e ter relações triviais. Isso não define nem denigre ninguém. O problema é correrem atrás de homens que não as tratam bem. Sabe-se que as mulheres sempre tiveram tendência para o masoquismo na hora de escolher o homem a amar, o problema agora é mais grave porque cumprem esse papel com os amigos coloridos. À conversa com dois amigos fico cada vez mais estupefacto e, devo dizer, desiludido com as mulheres. Eles são atraentes e isso parece bastar. Não precisam de falar para terem as meninas a vir ter com eles. Ainda sou do tempo que nas discotecas só os homens com aspecto, charme e lábia conseguiam meter conversa com as meninas. Agora não! Eles dão-se ao luxo de estar com duas mulheres num bar, ir ter com outras para ficarem com o número, voltar às primeiras, engatar outras de passagem, ficar com o número delas e sair do com as que chegaram. E as mulheres prestam-se a isso! E como são homens, as mulheres não precisam de falar muito para lhes captar a atenção. São catalogadas à partida como boas ou fracas. E o resultado é que já nem é preciso conversa ou palavras. Bem, talvez aqueles momentos em que eles dizem a elas que não estão para namoros ou compromissos. Elas ficam tristes e..voltam na mesma! Dizem que não se importam mesmo que estejam a morrer por dentro. As mulheres! O mais belo ser da Natureza é desprezado pelos homens e eles ainda ficam por cima. O mundo anda ao contrário e cada vez mais penso que estou bem é assim...
Peço desculpa mas ou as mulheres estão mais burras ou os homens mais espertos. Tenho anos de observação do mundo das relações humanas. Lembro-me que eram os homens que corriam atrás das mulheres. Agora não sei se é por haver menos elementos do sexo masculino, ou pelo menos espécimes apetecíveis, sei que as mulheres se andam a prestas a papéis muito maus. Não estou a falar de viver a vida e ter relações triviais. Isso não define nem denigre ninguém. O problema é correrem atrás de homens que não as tratam bem. Sabe-se que as mulheres sempre tiveram tendência para o masoquismo na hora de escolher o homem a amar, o problema agora é mais grave porque cumprem esse papel com os amigos coloridos. À conversa com dois amigos fico cada vez mais estupefacto e, devo dizer, desiludido com as mulheres. Eles são atraentes e isso parece bastar. Não precisam de falar para terem as meninas a vir ter com eles. Ainda sou do tempo que nas discotecas só os homens com aspecto, charme e lábia conseguiam meter conversa com as meninas. Agora não! Eles dão-se ao luxo de estar com duas mulheres num bar, ir ter com outras para ficarem com o número, voltar às primeiras, engatar outras de passagem, ficar com o número delas e sair do com as que chegaram. E as mulheres prestam-se a isso! E como são homens, as mulheres não precisam de falar muito para lhes captar a atenção. São catalogadas à partida como boas ou fracas. E o resultado é que já nem é preciso conversa ou palavras. Bem, talvez aqueles momentos em que eles dizem a elas que não estão para namoros ou compromissos. Elas ficam tristes e..voltam na mesma! Dizem que não se importam mesmo que estejam a morrer por dentro. As mulheres! O mais belo ser da Natureza é desprezado pelos homens e eles ainda ficam por cima. O mundo anda ao contrário e cada vez mais penso que estou bem é assim...
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